Os percalços de uma Conquista - III Capítulo


O AMOR EM QUATRO LADOS



Osmar: - Vamos ficar na nossa com discrição, que esta noite vai ser repetida várias vezes. Prometeu, beijando-a calorosamente numa parada de sinal.

Leny: - Tomara. Já estou com saudades...

Estas foram as últimas palavras do casalzinho ao se despedirem naquela manhã de sábado. Foram promessas carinhosas de que os momentos da última noite poderiam voltar diversas vezes. Mas esse envolvimento provocou algumas situações em quatro lados diferentes:



PRIMEIRO LADO: NA CASA DE LENY

Ao chegar em casa, Leny foi questionada. Seu pai, João, estava descontrolado e chamou a atenção da filha com rigor: -- Onde você se meteu até agora? Todos aqui preocupados!

- Eu não consegui pegar no sono até agora. Você não pensou na gente? Completou a sua mãe Valdívia.

- Peço desculpas. Mas não pude recusar o convite dos colegas de turma, para esticarmos a noite numa discoteca na Barra da Tijuca. Justificou-se Leny.

- E isso é assim? Decide as coisas de repente e nem pensa na gente! Porque você não avisou antes? Reclamou o seu pai.

- E chega em casa na parte da manhã com a maior cara lavada. Completou a mãe.

- Cheguei de manhã para evitar a madrugada. Fiz horas na casa de uma colega que mora lá perto. Quando começou a clarear, eu peguei um ônibus pra vir embora. Explicou-se Leny.

- Essa história está muito mal contada pai. Será que ela foi mesmo para a casa de uma colega? Não estou acreditando... Instigou Carlos, um dos seus irmãos.


- Você não tem nada a haver com isso! Vá cuidar da sua vida! Esbravejou Leny enfrentando o irmão, finalizando: - E quer saber de uma coisa? Sou maior de idade, já sou independente com o meu trabalho e não sou nenhuma maluca! Vou dormir que estou com sono e muito cansada. Completou Leny se retirando para o seu quarto.

Leny era a caçula de mais dois irmãos (Carlos e Henrique) e sempre foi tratada com muito carinho por todos. O pai João adorava a menina e a protegia contra tudo e contra todos. Seus irmãos estavam sempre por perto, inclusive o Henrique, o mais velho, que era casado e morava em outro bairro. Mas esse, apesar de constantemente vir passar os finais de semana na casa da mãe, estava com outras preocupações com a sua família.

Deitada em sua cama, após o barulho que ela causou, Leny viajou em pensamentos: "Que mal eu fiz? Será que pra ser feliz a gente tem que desagradar os outros? E o Alexandre? Daqui a pouco ele vai estar aqui e não vou conseguir nem olhar para a cara dele. E o Osmar? Como ele está? Ah! Como gostaria de estar com ele agora... Dizer pra ele o tanto que lhe amo e como ele me fez feliz. Dizer pra ele que não quero perdê-lo nunca mais nesta vida." Mas...


Pensou também em seus pais. Um pai sempre presente com a sua proteção e a mãe dedicada que não deveriam ser magoados. O que fazer então, se a D. Valdívia era a sua confidente e a sua orientadora? Ela nunca escondeu nada deles e agora estava prestes a encobrir o que aconteceu, por receio de suas as reações. Ainda mais se soubessem que o Osmar era um homem casado e com filhos. Seria o fim do mundo pra eles e nunca lhe perdoariam. Mas do outro lado está o Osmar com uma força incrível no seu coração. Decidiu então, dar tempo ao tempo, como sugeriu o seu novo namorado.

A situação se acalmou com os afazeres normais de casa, como nada tivesse acontecido. Leny ajudou a mãe nas atividades domésticas como sempre fazia, mas esta demonstrava ressentimentos. Fechou-se e evitou conversas com a filha, mesmo esta insistindo. No entanto, seu pai mais accessível e sentindo o clima pesado, abraçou-a com carinho tentando apaziguar os ânimos:


- Nunca vamos proibi-la de nada, mas diga-nos onde você está. Só queremos o seu bem, porque a gente tem um amor muito grande por você.

- Eu sei pai, desculpa-me mais uma vez. Respondeu Leny beijando o rosto do velho serralheiro ao mesmo tempo em que pensou: "Será que ele não vai me proibir mesmo, ao saber quem é o Osmar?"

A tarde passou, chegou à noite e Alexandre veio sem saber de nada. Cumprimentou a família, pegou a Leny pelos braços e tentou beijá-la, mas ela se virou e o beijo bateu em seu rosto. Alexandre sentiu a rejeição e ficou sem entender:

- O que está acontecendo? Não é de hoje que venho sentindo você muito diferente comigo. Qual o problema? Quis saber Alexandre.

Leny se calou olhando-o com desdém. Seus pais se entreolharam como se fossem cúmplices e Carlos ao tentar abrir a boca para contar da noite anterior, foi contido por seu pai. As perguntas de Alexandre foram respondidas com monossílabos de Leny, como "nada contra você", "não sei", "não está acontecendo nada", “estou indisposta". E o tempo passou até Alexandre ir embora cabisbaixo e cheio de grilos na cabeça. "Mas amanhã será outro dia. Ela vai gostar da minha surpresa”. Pensou ele.

No dia seguinte, domingo, Leny estranhou um movimento diferente. Sua mãe toda contente, preparava carnes para o churrasco do almoço e bolos e salgadinhos para o final da tarde. E ela quis saber:


 - Para que tudo isso mãe? Vamos ter alguma festa?

- É que hoje vamos ter uma surpresa bem agradável. Estamos preparando um almoço em família. Respondeu sua mãe Valdívia, sem revelar nada a respeito.

Leny aproveitou a onda e ofereceu a sua ajuda com alegria, ao perceber que a sua mãe não estava mais aborrecida. Enquanto trabalhavam na cozinha, a mãe ainda tentou tirar alguma informação da noite anterior da filha: 


- Você não está me escondendo nada? Não se esqueça que eu sou a sua melhor amiga!

- Eu sei disso mãe. Mas às vezes acontecem situações com a nossa juventude cheia de gás... A gente entra na onda a fim de se divertir e se esquece de tudo. Respondeu Leny sem se alongar no assunto.

As horas correram, o pai preparou a churrasqueira no quintal e as visitas chegaram para surpresa de Leny. Após seis anos de namoro com o Alexandre, apesar de serem vizinhos próximos, foram poucas as vezes que ele e sua família compartilharam do almoço em sua casa. "O que está acontecendo? Porque isso agora? Que surpresa é essa preparada pela minha mãe?" Perguntou-se ressabiada Leny.

Num repente, a casa de Leny virou um alvoroço só. Enquanto todos conversavam, as duas meninas do Henrique e os dois irmãos menores do Alexandre corriam de um lado para o outro. Os pais de Alexandre colocavam os assuntos em dia com os pais de Leny, enquanto os irmãos Carlos e Henrique comentavam sobre o namoro da sua irmã. Leny, mesmo retraída, não rejeitou a presença de Alexandre ao seu lado, não demonstrando o desconforto que estava sentindo com aquilo tudo. "Mas algo está pra acontecer. O que será? Ah! Osmar queria tanto que você estivesse aqui!" Pensou Leny.

Após algumas garfadas e bebidas, com todos reunidos à mesa, Antônio (pai de Alexandre) ficou de pé, pediu licença e discursou: 


- Hoje é um dia muito importante para as nossas famílias. Como nós sabemos caro João, os nossos filhos, com a nossa aprovação, estão levando esse namoro há mais de seis anos. E por ser do nosso gosto, eu aproveito este momento de confraternização, em nome do Alexandre, para pedir a mão da sua filha Leny em casamento.

- Já estava demorando demais se oficializar este namoro. Mas apesar de não ser contra, quem decide isso é a Leny. Devolveu o pai da moça, colocando a decisão em suas mãos.

Todos bateram palmas e Leny atônita, não reagiu ao ver Alexandre colocar a aliança em seu dedo anular direito e beijar o seu rosto com carinho cheio de promessas: 


- Vou lhe fazer muito feliz meu amor. Cuidar de você e dos nossos filhos que a gente vai criar juntos.

... E mais aplausos ecoaram no ambiente.

Pronto! O noivado de Leny estava oficializado e ela não conseguiu disfarçar a tristeza pela sua falta de coragem e atitude. Não era isso que ela queria e essa surpresa só lhe trouxe desconfortos com o impasse gerado para a sua consciência. Mas para não prejudicar o clima alegre daqueles momentos e preocupada em não magoar Alexandre, Leny manteve a aliança em sua mão com um leve sorriso no rosto. Mas o seu pensamento estava bem longe dali, relembrando as horas deliciosas que passou com o Osmar na noite passada.

Aquele domingo da Leny passou e à noite, em sua cama, os pensamentos iam e voltavam numa velocidade impressionante. A figura patética do Alexandre com aquele anel na mão, a formalidade do seu Antônio em pleno século vinte e o sentimento de parecer uma mercadoria à venda, contrastava com tudo que ela desejava: o amor correspondido de Osmar.

O dia clareou e Leny, com uma insônia terrível que dispersou o seu sono, levantou-se para mais um dia de trabalho. Pelo menos, naquela segunda-feira, nos braços de Osmar, ela teria motivos para esquecer aquele domingo. Aprontou-se, beijou a mãe e saiu para o trabalho.


SEGUNDO LADO: NA CASA DE OSMAR


Antes de chegar ao seu confortável apartamento naquela rua tranquila do bairro da Penha Circular, na zona da Leopoldina, Osmar já imaginava o que iria dizer para a sua esposa Yolanda, sobre a noite passada fora de casa. Estacionou o carro na garagem e as meninas vieram correndo em sua direção. Osmar era um pai muito dedicado, presente e adorava as suas únicas filhas, Luísa de cinco anos e Lídia de dois. O pai pegou as duas no colo com carinho e adentrou em casa, onde lhe aguardava Yolanda cheia de preocupações e desconfiada, que fez com que ela o questionasse de pronto: 


- Você foi à faculdade ontem à noite? Assistiu às aulas?

- Não. Tive que resolver um problema técnico da empresa em Angra dos Reis. Fui designado em caráter de urgência. Respondeu Osmar, beijando a sua mulher.

- Mas precisava ficar até de manhã? Você não dormiu? Retrucou Yolanda.

- Saí da empresa logo depois do almoço e o serviço se estendeu até as altas horas. Dei uma descansada no alojamento dos empregados e peguei o carro quando o dia começou a clarear. Você sabe que eu não gosto de dirigir à noite. Justificou-se Osmar.


- Não deu nem tempo de nos avisar? É horrível a nossa preocupação, sem saber o que está acontecendo. Estou até agora sem pegar no sono.

- Infelizmente, a falta de um telefone em casa causa tudo isso. Estamos aqui há três anos e a Telerj já adiou a instalação diversas vezes.


- Mas precisamos disso urgentemente. Não dá pra ficar dessa maneira. Sozinha em casa com duas crianças pequenas, sem saber o que fazer.

- Você sabe que essas pequenas viagens são comuns no meu trabalho. Geralmente são programadas com antecedência e eu consigo lhe alertar, o que não ocorreu dessa vez. Estava também preocupado com vocês.

- E ainda tenho que acalmar as meninas perguntando pelo pai a todo o momento. Elas sentem a sua falta.

Osmar envolveu as filhas e a mulher num único abraço, cheio de arrependimentos sem deixar de pensar: "Tenho que colocar a cabeça no lugar". "Não esquecer a minha família". "Preciso continuar bem presente aqui". "Elas não merecem isso". "Mas a Leny também merece o meu carinho". "Que garota maravilhosa".

Após essas desculpas não tão bem recebidas por Yolanda, Osmar demonstrando cansaço, trocou de roupa e se jogou na sua cama. Era uma manhã de sábado e o clima ameno de outono, não deixava de ser um convite para uma boa sesta. Apagou as luzes e o sono chegou junto com tudo que aconteceu na noite anterior. A jovem amante não saía da sua mente, com os seus beijos, o seu corpinho roliço, a sua excitação e a sua entrega. Osmar estava divagando, quase sonhando com aquilo tudo, quando Yolanda acomodou-se a seu lado e, cheia de desejos, provocou-o: 


- Deixei as meninas na casa da mamãe para a gente ficar à vontade.

Osmar já conhecia o seu jeito. Não eram todos os dias que ela lhe procurava. Às vezes, quase uma semana. E naquele dia ele não imaginava isso, por ela ter lhe procurado na manhã do dia anterior. Estava na cara que ela queria lhe testar e tirar a prova dos nove. E o sexto sentido dela não estava errado.

No entanto, Osmar não recusou. Entrou na onda e o seu pensamento fixo em Leny o ajudou bastante. E foi incrível como o seu subconsciente armazenou imagens e as transferiu para outras situações, fazendo com que Osmar estivesse naquele momento com a Leny e não com a sua mulher. Mas Yolanda adorou a forma como ele a possuiu com vontade, sofreguidão e êxtases, que fez com que ela abrisse de vez os seus cadeados até então fechados para uma atitude mais avançada do marido.

- O que houve com você? Hoje foi diferente! Admirou-se Yolanda caindo para o lado após o seu prazer.

- Você é que foi diferente e eu adorei. Tem que continuar assim e evitar os seus não-me-toques. Muito embora tenha respeitado sempre o seu lado, nunca gostei das suas restrições na cama. Confessou Osmar.


- É que os homens são mais liberais e nunca entendem as nossas limitações. É horrível isso.

- Mas, como acabei de dizer, eu sempre respeitei o seu modo de ver o sexo. Nunca forcei nada. As nossas iniciativas sempre evitaram certos pontos que inibiam nossas ações.

- Mas hoje eu só me liberei porque você veio muito incisivo e audacioso. Nem me deu chances para recusar alguma coisa. Foi pegando firme e nos pontos certos.

- Mas foi bom assim? Você gostou?

- Demais. Foi maravilhoso. Só lamento o tempo que a gente perdeu por minha causa.

- Verdade. Pelo menos hoje, você aceitou o nosso momento oral.

- Que pena não ter permitido isso desde a nossa lua de mel. Lamento muito ter evitado esses prazeres até agora.

Os dois, relaxados, se abraçaram e, agarradinhos, pegaram num sono profundo até as quatro horas da tarde. Yolanda era uma pequena mulher de rosto marcante, olhos verdes e cabelos claros e cacheados. Sua pele rosada ainda continuava como uma seda, apesar dos seus trinta e três anos e duas gestações. Continuava sendo uma mulher admirada pela sua beleza frágil como porcelana e pela excelente dona-de-casa cuidando da família. Além disso, Yolanda nunca deixou a sua vaidade de lado para receber o marido no retorno do trabalho. Na mocidade, foi uma das moças mais paqueradas na rua onde morava em Bonsucesso, também na zona da Leopoldina da cidade. Conheceu Osmar numa festa particular e nunca mais se separaram. Viveram um romance apaixonante, até se casarem três anos depois. Seus pais, italianos, impunham uma vigília e proteção assoberbada a sua única filha, cujo namoro foi acompanhado de perto por eles, que só permitiam passeios acompanhados da mãe. Por isso, se entende o acanhamento da moça em matéria de sexo. Casou virgem e não permitia certos avanços de Osmar. Ela foi para o casamento, completamente tolhida e sem orientação nenhuma dos pais. Mas, hoje, isso mudou.

Yolanda se colocou de pé e ofereceu: 


- Vou preparar o nosso almoço meu amor. Depois dessa a fome apertou.

- Nada disso. Hoje o almoço é por minha conta. Vá pegar as crianças, traga a sua mãe e vamos para uma churrascaria. Nada de cozinha hoje. Determinou Osmar.

E, assim, o sábado de Osmar se passou com a sua família de que tanto gostava. Voltaram do passeio no meio da noite e se recolheram. E as surpresas continuaram no domingo: Osmar levou as meninas ao Jardim Zoológico, ao parque de diversões, ao Alto da Boa Vista, passearam bastante, lancharam e retornaram no fim do dia.

Já de volta à casa, Yolanda toda feliz e cheia de carinhos com o marido, não deixava de dar-lhe atenção e fazer suas vontades com as comidas e bebidas que ele apreciava. Chegou até a comentar sobre o futebol que ele assistia na televisão, toda agradecida que estava pelo ótimo fim de semana que o marido tinha lhe proporcionado.

A noite chegou, a mulher e as crianças foram dormir e Osmar, entre uma cerveja e outra, deitado no sofá da sua sala com o cigarro entre os dedos, divagava: "Como terá sido o final de semana da Leny?" "O que será que ela está pensando agora?" "Será que amanhã ela vai desistir de tudo, como já fez em outras vezes?" "Será que estou ficando apaixonado?" "E a minha família, como fica nisso tudo?"

No dia seguinte de manhã, Osmar se aprontou, tomou um café reforçado com sucos, pães e frutas e  acionou o seu carro em seguida. Yolanda levantou-se, abriu o portão da garagem e tascou-lhe um beijo carinhoso com a recomendação: 


- Não faça mais isso não meu amor. Não se esqueça que a gente está aqui lhe esperando sempre. Boa viagem e retorne logo.

- Nunca vou abandoná-los porque eu sei que a família é o maior patrimônio que se tem na vida. Prometeu o marido despedindo-se com um aceno de mão para a esposa, partindo para mais uma semana de trabalho. Uma semana de situações imprevisíveis.


TERCEIRO LADO: NO TRABALHO DOS DOIS


Chegando ao trabalho na manhã daquela segunda-feira tão diferente para os dois, Osmar passou por Leny em sua mesa e cumprimentou a todos que estavam na secretaria com o bom-dia de sempre. Não demonstrou maior afinidade com a moça, preocupado em não chamar a atenção dos outros. Saudou os demais colegas da sala e tomou conta da sua mesa. Poucos minutos depois, Leny chegou à sua mesa e entregou-lhe três processos que ele estava analisando, alertando-o para sua verificação sem perda de tempo: 


- Esses casos são urgentes. Os clientes estão cobrando uma solução rápida.

Osmar, logo em seguida, abriu o primeiro processo e estava lá num papelzinho lembrete: "Amo-te". Abriu o segundo e ele leu: "Quero-te muito". Abriu o terceiro e não deu outra: "Muitas saudades da sexta-feira". O rapaz gostou dos recadinhos que acabaram na lixeira aos picadinhos por não poder se expor, mesmo ela não tendo esse cuidado. Apesar de estarem no mesmo departamento, os dois ficavam isolados visualmente por uma porta dividindo os dois ambientes.

Mais tarde, ainda de manhã, Gleice se dirigiu a Leny: 


- Hoje é o dia do aniversário do Galvão. Você já sabe dessa tradição na empresa quando se reúne os colegas para festejar. Preciso da sua ajuda.

- Que legal! O que podemos fazer? Concordou Leny com boa vontade.


- O Galvão é o analista mais antigo do departamento e, como todos os outros, merece os nossos parabéns.

- Lógico! Adoro essas confraternizações e gosto muito dele também.

- Somos as únicas moças do departamento e a gente tem mais jeito para agitar isso. Na sexta-feira eu recolhi dinheiro dos colegas para comprar torta, salgadinhos e refrigerantes. Vamos dar uma saída para encomendar esses comes-e-bebes.

- Vamos lá. Você sabe aonde ir?

- Sim. Já me antecipei e reservei a encomenda na própria sexta-feira. Estou indo lá acertar o pagamento e depois é só marcar a hora que eles trazem tudo.

- Entendi.

- Estou querendo que você vá comigo. Vou apresentá-la à D. Maria José para lhe conhecer e saber que você também faz parte do nosso departamento. Quando precisar, você pode me substituir. Também quero que me ajude a escolher o presente do Galvão. O Sr. Miguel, nosso gerente, me deu o dinheiro para comprar.

As duas se levantaram e saíram para aquele passeio no centro da cidade, que toda mulher gosta. E, no caminho, não deixaram de conversar quando Gleice puxou o assunto: 


- Depois desse pequeno tempo que está conosco, o que você está achando?

Leny: - No início levei até um susto, por ser o meu primeiro emprego. Mas depois fui me adaptando, conhecendo o serviço e agora estou mais esperta.

Gleice: - Realmente, você assimilou bem as tarefas. Aprendeu rápido e as pessoas não cansam de elogiá-la. Parabéns.

Leny: - Muito obrigado. Mas eu tenho que agradecer a todos pela paciência e por relevar os meus erros. Principalmente vocês da secretaria que têm sido grandes colegas.

Gleice: - E continuaremos a ajudá-la. Aquilo ali é uma família. Todos procuram cumprir seus objetivos e colaborar com os outros.

Leny: - Estou gostando muito. Excelente escola para a minha vida profissional.

Gleice: - E quanto aos analistas? O que acha deles? E o nosso gerente?

Leny: - Todos me tratam muito bem, mas cada um a seu modo. O Sr. Miguel é uma pessoa muito educada e respeitadora. Nada a reclamar.

Gleice: - Eu acho, inclusive, que até sobre o Osmar você mudou de opinião.


Leny: - Como assim? Admirou-se a moça, percebendo aonde a outra queria chegar.

Gleice: - É que em certa ocasião, você demonstrou pra mim, não gostar dele.

Leny: - Mas isso já foi. O Osmar tem me ajudado bastante com as suas caronas para a faculdade. É um cara muito inteligente e com excelente cultura geral.

Gleice: - Além de escrever muito bem. Você sabia que ele escreve poesias? É uma pessoa bem interessante.

Leny se empolgou com a conversa que envolvia o seu amor e tentou descobrir algo entre aqueles dois que ela tanto desconfiava, alimentando o papo: 


-- Ainda nada sei sobre o seu dom poético. E, não revelando conhecer essa prova quando da sua dedicatória no disco de João Gilberto, continuou: -- Suas conversas são agradáveis e tenho aprendido muito sobre diversos assuntos que ele tão bem demonstra conhecê-los.

Gleice: - Então está tudo legal entre vocês? Estão se entendendo bem?

Leny: - Em termos de amizade sim. Se você está pensando em outro tipo de relacionamento, não. E você? Ele mexe com o seu coração? Devolveu a colega querendo descobrir algo mais entre aqueles dois que não se desgrudavam.


Gleice: - Conheço o Osmar bem antes de você. Já passamos várias situações juntos em bares, festas, cinemas e até em meu apartamento. A gente se entende e se respeita. Nunca aconteceu nada.

Leny: - Mesmo quando ele vai ao seu apartamento? Não acredito que não role nada. Homem é fogo!

Gleice: - Por mim, de repente, até rolaria. Mas ele finge não me entender. Fala em preservar a nossa amizade e que só faz amor com quem ele ama de verdade. Lógico, que não é o meu caso.

Leny: - Incrível. Não posso entender como ele dispensa uma mulher tão bonita como você.


Gleice: - Pois é... Mas é melhor assim. Pelo menos continuo sendo a sua amiga do peito.

Leny: - Realmente, não deixa de ser um cara interessante...

Gleice: - Mas você está gostando dele, não está? Os seus olhares não me enganam. Pode se abrir se achar melhor.

Leny ficou atônica e surpresa com a afirmação da colega, deixando-a sem resposta e com o pensamento lhe martelando: "Será que já dei tanta mancada assim?" E não viu outra maneira de despistar: 


- Não está acontecendo nada disso, nem vai acontecer. Sabe por quê? Ontem foi o dia do meu noivado com o Alexandre. Como poderia...

Gleice engoliu em seco a informação que jogou por terra toda a sua desconfiança, mas ficou sem saber por que a moça estava sem a aliança. Porque será? Mas não deixou de rebater admirando-se com a novidade: 


- Parabéns. Que notícia ótima! Você deve estar muito feliz com este pedido de casamento.

Leny não respondeu e as duas voltaram para o escritório logo após cumprirem suas tarefas. No final do expediente em fim de tarde, com a chegada das bebidas, doces e salgadinhos, a mesa foi posta e preparada por elas. Com todos reunidos, o discurso do gerente com a entrega do presente abriu os caminhos para os parabéns, salvas de palmas, abraços no aniversariante e agradecimentos deste para todos. Mas...


- Atenção gente! Bradou Gleice com sua alegria de sempre: - Quero aproveitar este momento de confraternização para pedir uma salva de palmas para a Leny que foi pedida em casamento no dia de ontem.

Todos aplaudiram e vieram abraçar a menina que não sabia onde se esconder com a sua inibição. Recebeu os abraços com um sorriso amarelo, sem esconder a sua irritação pela indiscrição de Gleice. Osmar, sem imaginar a novidade que lhe pegou de surpresa, sentiu o impacto. Mas, mesmo assim, movido por sua experiência, não deixou de participar daquele clima de aplausos e abraços. Mas o desconforto ficou.

Leny, constrangida com tudo aquilo, arrumou suas coisas, fechou as gavetas e saiu às pressas pela porta afora. Queria sumir dali, fugir daquela situação o quanto antes. A sua mente estava aos borbotões: "Que vergonha!", "A Gleice me paga!", "E o Osmar?", "O que ele vai achar disso tudo?"

Osmar notou a saída intempestiva de Leny, não entendeu a notícia da Gleice e pensou: "O que será que aconteceu?" Esperou mais meia hora, arrumou suas coisas e saiu para pegar o carro em direção à faculdade. Infelizmente, sem a companhia de Leny. Mas...



QUARTO LADO: NA FACULDADE E FORA DELA


Ao chegar ao estacionamento, cabisbaixo e preocupado, Osmar teve a grata surpresa de encontrar Leny lhe esperando. A moça correu de braços abertos para ele e jogou-se em seus ombros tentando justificar-se: 


- Que confusão é essa que nos arrumaram meu amor?

- Estou até agora sem entender nada. Rebateu Osmar abrindo as portas do carro.

- Tenho tantas coisas para lhe contar... Final de semana cheio. Continuou Leny entrando e acomodando-se no banco do carona.


- Parece que sim. Depois do que ouvi da Gleice há pouco... Quis saber Osmar colocando a chave na ignição.

- Preciso muito de você. Estou muito confusa. Vamos procurar um lugar pra conversarmos à vontade. Sugeriu Leny.


- Estou curioso. Gostaria de saber o que aconteceu. Respondeu Osmar ligando o carro e partindo pelo mesmo caminho em direção à faculdade.

- Você entendeu? Eu pedi um lugar tranqüilo e não para irmos à faculdade! Admirou-se Leny.

- Preciso entregar um trabalho em grupo sem falta, marcado pelo professor pra hoje. Coisa rápida. Retrucou Osmar.

- Não vai demorar muito? Posso lhe esperar? Respondeu Leny com ansiedade.

- Aproveite e assista a sua aula até eu voltar. Não devemos nos esquecer dos nossos estudos. Recomendou Osmar.

- Tudo bem. Quando estiver livre vá buscar-me na minha sala. Concordou Leny.

Após quarenta e cinco minutos, Osmar e Leny desceram as escadas do terceiro andar da faculdade e chegaram ao estacionamento sem muito movimento de alunos, por conta do horário das aulas ainda não encerradas. Entraram no carro e Leny não demonstrou nenhuma ação de carinho com o rapaz, mantendo-se numa distância que ele não estava acostumado nessas situações. Mas ela voltou a insistir: 


- Vamos então Osmar. Leve-me para algum lugar onde possamos sentar e conversar.

- O único lugar tranqüilo que eu conheço é um hotel. Fica-se à vontade. Sugeriu Osmar com segundas intenções.

- Podemos até ir, mas não sei se vai valer à pena. Quero apenas conversar e desabafar. Rebateu Leny tentando mostrar a sua real intenção.

- Sempre valerá à pena estar com você em qualquer situação ou em qualquer lugar. Vamos embora. Determinou Osmar.

Em pouco tempo, Osmar já estava entrando pela garagem do hotel às margens daquela estrada em Jacarepaguá, bem próximo ao Grajaú. Entraram na suíte e Osmar foi logo descalçando meias e sapatos, enquanto Leny fazia uma vistoria pelo ambiente. Pegou um refrigerante no frigobar, sentou-se na cama completamente vestida, calada e pensativa. Osmar sentindo que ela estava distante e preocupada sentou-se ao seu lado, passou a mão pela sua cintura e o seu beijo na boca foi recusado pela moça.

- Não sei por que a sua resistência. Mas isso me excita mais ainda. Sussurrou Osmar aos ouvidos da moça.

- É que precisamos conversar antes. Faça-me este favor. Implorou a moça.

- Tudo bem. O que está acontecendo com você? Que negócio é esse de casamento? Quis saber Osmar.

- Pois é meu amor. Hoje saí com a Gleice para preparar a festa do Galvão e as conversas pararam em você.

- Continua ainda com esse grilo?

- Sim. Mas isso é outro papo. O que me deixou incomodada foi quando ela me perguntou se estava gostando de você. Respondi que sim como amigo e não da maneira que ela estava pensando.

- Fez muito bem. Mas tá na cara que ela está desconfiada.


- Disse que tenho dado na vista com meus olhares. Mas, para desconsertá-la, falei que tinha sido pedida em casamento no dia de ontem.

- Boa! Que bela presença de espírito! Saída genial! Não haveria motivo mais bem bolado.

- Mas o pior disso tudo querido é que a desculpa é verdadeira. Uma verdade que está me corroendo, deixando-me embaraçada, dividida e deprimida. Que situação!

- Agora estou entendendo a sua atitude de há pouco. Deve estar sem saber o que fazer. Como foi isso?

- Tudo surpresa para mim e programado com antecedência por ele e minha família. Todos reunidos na minha casa, pedido do sogro em nome dele, discurso do meu pai concordando e, como se fosse uma idiota, acabei com isso no meu dedo. Relatou Leny abrindo a bolsa, tirando o anel e jogando-o contra a parede do quarto com raiva e irritação.

- Pelo que estou vendo, você não queria nada disso. Fique calma e vamos tentar resolver.

- Resolver como? Eu deveria ter recusado na hora, mas a presença de todos intimidou-me. Que raiva!

- Será que isso tudo não tem nada a ver conosco? Será que não estão desconfiando de nada?

- Será que é isso? A minha mãe e principalmente o meu irmão Carlos, não acreditaram na minha desculpa. Cheguei à manhã de sábado em casa, dizendo que tinha ido a uma discoteca com outros alunos na Barra da Tijuca.

- Acreditando ou não, não deixou de ser uma boa desculpa.

- Sim. Mas a minha mãe até ontem de manhã pediu para não esconder nada dela. E estou até agora arrependida por isso. Sempre contei tudo pra ela.

- Então é uma maneira de você desmanchar esse noivado não é mesmo? Conte pra ela que está apaixonada por outro que ela vai entender.

- E o meu pai, na onda, vai querer conhecê-lo. É isso que você quer? Adoraria...

- É algo para se pensar. Encontrar o caminho da trilha até ele. O importante nisso tudo é você. O que pretende fazer?

- Não sou nenhuma desgarrada, sou uma moça de família e não posso continuar nessa situação dividida entre dois homens.

- Eu compreendo. Você sempre se mostrou incomodada com isso e agora o outro lado tomou novo rumo.

- Sempre lhe demonstrei a minha preferência e a maior facilidade para se terminar um namoro. Mas agora...


- Realmente, fica mais complicado terminar um noivado no dia seguinte. Mas estou preparado para entender a sua decisão.

- Uma decisão que está me angustiando desde ontem, porque quem realmente eu quero é mais difícil tê-lo só pra mim.

- As coisas estão acontecendo muito rapidamente e você parece não querer esperar mais. Não quer pensar mais um pouco?

- Nada de dar tempo ao tempo. Não dá mais pra fazer jogo duplo. Ou você ou ele! E você já tem alguém...

- Então está bem claro aonde você quer chegar. Sempre lhe disse que não tenho o direito de atrapalhar a sua vida. Respeito a sua decisão e torço por você.

- Mas quem eu amo é você. O Alexandre não é mais nada pra mim.


- E você vai se casar com um cara que não é nada para você? É isso que você quer? Viver ao lado de alguém que você rejeita? Que sina será isso?

- Ah! Se eu pudesse, pegaria você e sumiria pelo mundo. Só nós dois e mais ninguém.


- Seria maravilhoso, mesmo sabendo que os sonhos terminam ao se despertar. A vida nos restringe muitas coisas, deixando-nos frustrados quando deixamos de fazer o que queremos.

- Aqueles meus bilhetinhos na parte da manhã, dentro dos seus processos, demonstraram a minha vontade. Foram palavras ditas pelo meu coração, mas preciso decidir com a mente. E a mente está recomendando que eu fique com o Alexandre.

- Apesar de não ser isso que eu queira, reconheço que é o melhor pra você. Vou sentir muito a sua falta e a saudade vai apertar. Mas a nossa vida deve continuar...

- Infelizmente pra mim também. Mas não senti em nenhum momento, a probabilidade de você largar a sua família por minha causa. Parabéns por isso.


- Nem por sua causa, nem por ninguém. A minha família é o meu patrimônio. Nunca pensei nisso. Sentenciou Osmar.

- Com essas palavras você acaba com minhas esperanças. Vamos parar por aqui. Finalizou Leny.

- Infelizmente você decidiu assim e tenho que respeitar. Espere só um pouco que eu vou tomar uma ducha antes da gente ir embora. Preciso relaxar. Que dia! Solicitou Osmar.

Osmar tirou a roupa na sua frente e entrou despido no banheiro, enquanto Leny continuou vestida sentada na cama e pensativa. Suas lágrimas rolaram daqueles olhos castanhos e brilhantes, em soluços silenciosos. Enquanto ela pensava e soluçava, Osmar deixava cair aquela água morna em seu corpo tenso de homem abandonado. A água caía, ele se molhava e o tempo passava... Quinze, trinta, quarenta minutos, quando Leny surgiu abrindo a porta do box, completamente nua.

- Estava esperando você terminar para entrar no banho, mas como você demorou, resolvi lhe expulsar. Surpreendeu Leny com um sorriso nos lábios.



- Estava esperando você terminar para entrar no banho, mas como você demorou, resolvi lhe expulsar. Surpreendeu Leny com um sorriso nos lábios.

A garota colocou-se de pé à sua frente e abraçou-o fortemente. Acariciou o seu rosto, beijou-o calorosamente e determinou: - Fique quieto, não fale e nem pergunte nada.

Leny entrou junto no chuveiro e os respingos d'água iam descendo pelo seu corpo acompanhando aquelas curvas de pele morena tão aconchegante como seda. Agarrou o rapaz fortemente e não largou os seus lábios. Suas línguas se encontraram e se contorciam como se quisessem ser uma só. Os dois corpos molhados, grudados em fortes abraços, não deixavam a água passar entre eles. E a moça continuou beijando tudo que encontrava e era liberado por Osmar. Passou pelo seu pescoço, pelo peito cabeludo e pelo seu abdômen até encontrar algo duro e latejante que batia entre suas coxas. Ajoelhou-se, segurou-o carinhosamente com a mão e colocou-o em sua boca com a mesma vontade que ele já conhecia. “Como ela aprendeu rápido e como saboreava com gosto aquilo tudo em sua boca”, pensou o rapaz.

Osmar vibrava e gemia de prazer com aquelas bolas batendo no rosto da amante num vai-e-vem alucinante. Ela beijava, lambia e a sua língua quente e molhada deixou Osmar em seu ápice e pronto para expelir. Tentou tirá-lo da sua boca antes do gozo, mas Leny não deixou pegando todo aquele prazer leitoso que ela guardou por dentro de seus lábios.

Osmar levantou a menina beijando-a alucinadamente. Leny deu as costas para o rapaz que a agarrou pela cintura e começou a beijá-la por trás do pescoço. Veio descendo por suas costas, quadris até chegar entre suas nádegas. A língua quente roçando em sua pele ensaboada ia deixando Leny cada vez mais excitada, enquanto a mão de Osmar tocava a sua vulva e o seu dedo invadia aquela porta freneticamente. Leny aceitava tudo aquilo cheia de prazer e se entregava cada vez mais, até ceder aos caprichos e desejos sempre mirados por ele, quando levantou o seu bumbum à procura de algo que já roçava suas popas novamente. A excitação era imensa e Leny sussurrou:

- Estou querendo tanto... Mas acho que vai doer... Ah! Que gostoso está isso!

Osmar abriu a porta do box e voltou com o creme de barbear que estava em cima da pia, dizendo:

- Com isso aqui deve aliviar.

Leny se posicionou de quatro e com o local cheio de creme esperou. Osmar segurou-a pelos ombros e foi empurrando devagar sob os gemidos da menina. A sua chave quente e grossa começou a forçar a fechadura da pequena porta que encontrou. Leny gemia e gritava de dor pedindo para parar, mas Osmar, louco de excitação, segurou-a com mais firmeza ainda, com um vai-e-vem constante de saída e entrada da porta. A porta apertava a sua chave quase a esmagando e isso aumentava o seu prazer. Os gemidos e gritos da menina eram um convite para continuar atrás e com o seu dedo enfiado na frente. Mas Leny aguentava, gemia e pedia mais.

- Vai meu amor. Está ardendo muito... Mas é gostoso sentir isso atrás de mim. Não tire o seu dedo. Continue... Vai, vai, ai... Ai...

Osmar derramou todo o seu gozo dentro daquela porta, no mesmo instante do prazer de Leny, como se aquele momento único tivesse sido programado. Os dois sentaram-se dentro do box e deixaram a água cair à vontade. Abraçaram-se extenuados e só se separaram quinze minutos depois, quando a moça quebrou o silêncio surpreendendo-se:

- Que loucura é essa? Não estou me conhecendo... Será que aqui sou outra pessoa?

- Eu não sei se é loucura, mas que você está me deixando louco está. Confessou Osmar.

- Você consegue descobrir do que eu gosto e sabe tocar nos pontos certos. Adoro tudo isso que ando curtindo com você. Devolveu Leny.

- Mas você também já descobriu o meu ponto fraco. E isso é tudo pra mim. Que maravilha é você. Amo você e todo esse carinho que me coloca nas nuvens. Elogiou Osmar.

- Não poderia deixar você sair daqui hoje sem fazer o que a gente gosta. Pelo menos foi uma grande despedida. Sentenciou Leny.

- Despedida? Admirou-se Osmar.

- Sim. Esta foi a primeira e última vez que traí o meu noivo. Confirmou Leny com um sorriso no canto da boca.

- Que pena, pois quando acabam os nossos momentos, já fico com vontade de querer mais. Vai matar-me de saudades. Entristeceu-se Osmar.

Os dois saíram do banho e se vestiram para ir embora. Dessa vez não tão tarde que provocasse reações da família. Arrumaram-se e antes de pedirem a conta, Osmar abaixou-se, pegou o anel que Leny atirou contra a parede e sentenciou:

- Aqui está o seu anel, antes que você o esqueça. Sente-se aqui ao meu lado e escuta-me.
- Mas... Diga o que foi agora? Exasperou-se Leny.

- Não me interrompa, por favor. Depois você fala à vontade. Determinou Osmar e continuou: - Adoro você de paixão, porque sinto saudades da sua presença quando estou só. Você tomou conta do meu coração de maneira fulminante, mas você tem que se decidir. Não dá mais para viver nesta gangorra, de um dia sim e no outro não. Você, sem intenções e sem imaginar quanto, está mexendo com os meus sentimentos. Não dá mais para viver com esse vai-e-vem.

- Como assim? Explique-se. Quis saber uma preocupada Leny.

- Deixe-me terminar. Você tem ideia de quantas vezes você terminou e voltou comigo? Só durante o nosso namoro no carro antes da faculdade foram mais de seis vezes. Um dia entreguei-lhe um presente com dedicatória de despedida e você no dia seguinte respondeu-me através de um diário, revertendo a situação e concedendo-me um amor muito mais intenso como este que tivemos agora há pouco. E como aconteceu isso?
- É que eu lhe quero tanto... Mas deixa-me tão dividida. Justificou-se Leny.

- Agora mesmo, nesses instantes que estamos aqui, isso aconteceu. Logo após dizer “Vamos parar por aqui”, você invadiu o meu banho e se entregou toda pra mim. E depois desses grandes momentos de prazer, você volta a falar em despedida! O que pretende com isso? O nosso caso é sério ou é uma brincadeira de comidinhas de criança?

- Isso só prova a minha indecisão diante de um dilema...

- Mas agora temos que levar a sério, apesar de achar que você não está de brincadeira. Para mim, essa despedida que você falou a pouco foi muito séria e bem pensada.

- A despedida não foi tão séria nem bem pensada. Mas eu tenho que tomar uma decisão.

- Então faça isso e tudo acabará bem. Diga se a gente continua assim, ou se vai ficar comigo ou com ele. Mas lembre-se: se disser pra mim que é o fim, será o fim mesmo. Não haverá volta.

Leny levantou-se, colocou o anel em seu dedo e pediu:

- Vamos embora. Leve-me para casa.

Osmar acertou a conta, ligou o carro e partiram. No caminho Leny permaneceu em silêncio e estava com os olhos lacrimejantes quando soltou na esquina da sua rua.

Mas Osmar já sabia da sua decisão, quando ela colocou aquele anel no dedo. "Talvez tenha sido melhor assim..." Pensou ele.

"SERÁ?"

N.A. Esta história continua com o conto “REVELAÇÕES DE UM DIÁRIO”

7 comentários:

  1. 19/01/2016 01:05 - Luiza De Marillac Michel
    Fascinante Poeta Olavo, beijos da Luiza

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  2. 14/01/2016 14:34 - ELIE MATHIAS
    Magnífica e bela novela. Logo mais irei para ler os capítulos anteriores. Um forte abraço Poeta Olavo.

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  3. Excelente. Uma história de amor e paixão escrita com detalhes. Li os três primeiros capítulos do romance. Parabéns pela bela construção literária. Afetuoso abraço Poeta Olavo.

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  4. 10/01/17 01:37 - Deyse Felix

    Já disse: SEI, NÃO e agora repito o que penso a respeito de Leny: SEI,
    NÃO! --- WELL, logo irei para o quarto capítulo. Good Night, Poeta
    Olavo!

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  5. Estou lendo o seu romance. Ontem escrevi não sei se você recebeu. Sem dúvida o momento sensual entre os dois é fascinante e muito bem escrito e descrito. Não vou colocar a palavra amor, pois estou em dúvida quanto a isso. Pode ser paixão ou carência afetiva da parte dela. Vamos aguardar.

    Afetuoso abraço

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  6. 20/09/17 18:48 - Iolanda Pinheiro

    Poxa, mas a mulher do cara tinha que se chamar Iolanda?

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  7. 04/04/19 18:32 - António Souza

    Bela sequência, o drama de Leny está apenas começando. A desenvoltura
    de Osmar chega a ser de canalha espertalhão. Acredito que ele vai se
    apaixonar de verdade por Leny. Vamos em frente...Abraços!

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